A Produção da Cerâmica Terena na Aldeia Cachoeirinha em Miranda, MS

Autores

  • Francelina Albuquerque Chaves Universidade Anhanguera - Uniderp. MS. Brasil.
  • Gilberto Luiz Alves Universidade Anhanguera-Uniderp, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. MS, Brasil.
  • Rosemary Matias Universidade Anhanguera-Uniderp, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. MS, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.17921/2447-8733.2019v20n1p73-80

Palavras-chave:

Desenvolvimento Regional, Reserva Indígena Cachoeirinha, Artesanato Indígena, Ceramistas Terena.

Resumo

Este trabalho teve por objeto a cerâmica Terena produzida na Aldeia Cachoeirinha em Miranda, Mato Grosso do Sul. Seu objetivo geral é analisar o processo de produção posto em prática pela etnia em referência. Sobre a relevância do objeto dizem os fatos de o artesanato Terena ter sido registrado como patrimônio imaterial histórico, artístico e cultural de Mato Grosso do Sul pelo Governo do Estado e a cerâmica, em especial, se constituir em expressivo instrumento de reconhecimento e diferenciação da etnia. Fontes teóricas foram buscadas em estudos de Oliveira, Ribeiro e Alves. A revisão bibliográfica e o levantamento de fontes secundárias priorizaram as abordagens sobre os Terena, mas se estenderam a outras etnias indígenas da região, também, por força da necessidade de análises comparativas. Quanto às fontes primárias, foram realizados levantamentos a campo na Reserva Indígena Cachoeirinha, além de observações sistemáticas, registros fotográficos do processo de produção e entrevistas semiestruturadas com as artesãs oleiras. Entre os resultados, foram constatadas mudanças recentes na cerâmica Terena. Distanciando-se da pigmentação avermelhada, característica da etnia, algumas peças passaram a ganhar a coloração preta, oriunda de um mineral de cor escura e brilhosa, chamado ‘pedra canga’. A partir do levantamento feito a campo foram identificadas 83 artesãs Terena. Atualmente, 45 permanecem em atividade e a maioria encontra-se na faixa etária de 26 a 50 anos. A produção da cerâmica é realizada exclusivamente pelas mulheres e se tornou importante fonte de complementação da renda familiar.

 

Palavras-chave: Desenvolvimento Regional. Artesanato Indígena. Ceramistas Terena.

 

Abstract

The object of this work is Terena ceramics produced at Aldeia Cachoeirinha in Miranda, Mato Grosso do Sul. The main objective is to analyze the production process practiced by this ethnicity. Regarding the relevance of the object, Terena craftwork have been registered as an intangible historical, artistic and cultural heritage of Mato Grosso do Sul by State Government and ceramics, in particular, constitute an expressive instrument of recognition and differentiation of this ethnicity. The present theoretical sources were based on studies of Oliveira, Ribeiro and Alves. The literature review and the secondary sources survey focused on the Terena, however the study extended to other ethnic groups of the region for comparative analysis. During the primary sources, field surveys were carried out at Cachoeirinha Indigenous Protected Area. In addition, systematic observations, photographic records of the production and semi-structured interviews with pottery artisans were performed. Among the results, recent changes in Terena ceramics were observed. Some pieces began to change from the traditional reddish pigmentation, characteristic feature of this ethnic group, to black coloration, originated from a mineral called “canga” stone of dark and bright color. Based on the field survey, 83 Terena artisans were identified. Currently, 45 artisans remain in activity and they fall into age group of 26 to 50 years. The ceramics production is carried out exclusively by women and has become an important supplemental source for family income. Keywords: Regional Development. Indigenous Crafts. Terena Potters.

Este trabalho teve por objeto a cerâmica Terena produzida na Aldeia Cachoeirinha em Miranda, Mato Grosso do Sul. Seu objetivo geral é analisar o processo de produção posto em prática pela etnia em referência. Sobre a relevância do objeto dizem os fatos de o artesanato Terena ter sido registrado como patrimônio imaterial histórico, artístico e cultural de Mato Grosso do Sul pelo Governo do Estado e a cerâmica, em especial, se constituir em expressivo instrumento de reconhecimento e diferenciação da etnia. Fontes teóricas foram buscadas em estudos de Oliveira, Ribeiro e Alves. A revisão bibliográfica e o levantamento de fontes secundárias priorizaram as abordagens sobre os Terena, mas se estenderam a outras etnias indígenas da região, também, por força da necessidade de análises comparativas. Quanto às fontes primárias, foram realizados levantamentos a campo na Reserva Indígena Cachoeirinha, além de observações sistemáticas, registros fotográficos do processo de produção e entrevistas semiestruturadas com as artesãs oleiras. Entre os resultados, foram constatadas mudanças recentes na cerâmica Terena. Distanciando-se da pigmentação avermelhada, característica da etnia, algumas peças passaram a ganhar a coloração preta, oriunda de um mineral de cor escura e brilhosa, chamado ‘pedra canga’. A partir do levantamento feito a campo foram identificadas 83 artesãs Terena. Atualmente, 45 permanecem em atividade e a maioria encontra-se na faixa etária de 26 a 50 anos. A produção da cerâmica é realizada exclusivamente pelas mulheres e se tornou importante fonte de complementação da renda familiar.

 

Palavras-chave: Desenvolvimento Regional. Artesanato Indígena. Ceramistas Terena.

 

Abstract

The object of this work is Terena ceramics produced at Aldeia Cachoeirinha in Miranda, Mato Grosso do Sul. The main objective is to analyze the production process practiced by this ethnicity. Regarding the relevance of the object, Terena craftwork have been registered as an intangible historical, artistic and cultural heritage of Mato Grosso do Sul by State Government and ceramics, in particular, constitute an expressive instrument of recognition and differentiation of this ethnicity. The present theoretical sources were based on studies of Oliveira, Ribeiro and Alves. The literature review and the secondary sources survey focused on the Terena, however the study extended to other ethnic groups of the region for comparative analysis. During the primary sources, field surveys were carried out at Cachoeirinha Indigenous Protected Area. In addition, systematic observations, photographic records of the production and semi-structured interviews with pottery artisans were performed. Among the results, recent changes in Terena ceramics were observed. Some pieces began to change from the traditional reddish pigmentation, characteristic feature of this ethnic group, to black coloration, originated from a mineral called “canga” stone of dark and bright color. Based on the field survey, 83 Terena artisans were identified. Currently, 45 artisans remain in activity and they fall into age group of 26 to 50 years. The ceramics production is carried out exclusively by women and has become an important supplemental source for family income. Keywords: Regional Development. Indigenous Crafts. Terena Potters.

Biografia do Autor

Francelina Albuquerque Chaves, Universidade Anhanguera - Uniderp. MS. Brasil.

Possui Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional pela Uniderp-Anhanguera, MBA em Marketing e Vendas pela Anhanguera e graduação em Turismo pela Universidade Católica Dom Bosco . Tem experiência na área de Hotelaria e eventos. Comunicativa, facilidade de trabalhar em equipe, tem foco no objetivo coletivo é exigente quanto a qualidade de seu trabalho.

 

Referências

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Publicado

2019-03-30

Como Citar

CHAVES, Francelina Albuquerque; ALVES, Gilberto Luiz; MATIAS, Rosemary. A Produção da Cerâmica Terena na Aldeia Cachoeirinha em Miranda, MS. Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas, [S. l.], v. 20, n. 1, p. 73–80, 2019. DOI: 10.17921/2447-8733.2019v20n1p73-80. Disponível em: https://revistaensinoeeducacao.pgsscogna.com.br/ensino/article/view/6806. Acesso em: 20 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos