Escrevivências Decoloniais: o Movimento do Feminismo Agroecológico como um Modelo de Educação Informal no Vale do Ribeira (SP)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17921/2447-8733.2019v20n3p302-311

Palavras-chave:

Educação informal. Práticas Educativas. Feminismo Agroecológico. Decolonialidade.

Resumo

O feminismo agroecológico evidencia a presença da mulher nos espaços agrícolas. O objetivo deste artigo é evidenciar as narrativas de mulheres a partir do campo. Pela história oral e na interação de redes de apoio um novo modelo de educação informal poderá ser proposto. Visibilizar estudos em agroecologia é destacar a ação de diversos agentes, que formam uma rede de interação social e de educação, partindo do princípio de que a agroecologia é uma ciência, que orienta a adoção de práticas agroecológicas com o uso de novas ferramentas tecnológicas dentro de determinados sistemas de produção. A pedagogia decolonial convoca conhecimentos subordinados pela colonialidade do saber e do poder, além de dialogar com as experiências críticas e políticas muito presentes nos movimentos sociais e nos trabalhos de redes de interação, que colaboram para a derrubada de estruturas e pensamentos hegemônicos. A educação informal, que ocorre no Vale do Ribeira, dá destaque às narrativas de mulheres que constituem os sujeitos dos discursos, que configuram um feminismo agroecológico. Em relação às práticas educativas e ao material utilizado para o aprendizado, cartilhas e impressos se tornam importantes por valorizarem a formação profissional rural e a promoção social. Ressalta-se as escrevivências decoloniais daquelas mulheres, enquanto personagens, que caminham para a busca da alteridade.

 

Palavras-chave: Educação Informal. Práticas Educativas. Feminismo Agroecológico. Decolonialidade.

 

Abstract

The agroecological feminism evidences the woman’s presence in the agricultural spaces. The  purpose of this article is to evidence the countryside women’s narratives. Through oral history and in the interaction of support networks a new model of informal education may  be proposed. Studies visibility in agroecology is to highlight the actions of several agents that form a network of social interaction and education, based on the principle that agroecology is a science that guides the adoption of agroecological practices with the use of new technological tools within certain production systems. Decolonial pedagogy calls for subordinate knowledge for the  knowledge and power coloniality, as well as dialogue with the critical and political experiences that are very much present in social movements and in the work of interaction networks that collaborate in the overthrow of hegemonic structures and thoughts. The informal education that takes place in  Ribeira Valley highlights the women’s narratives who constitute the subjects of the discourses that constitute an agroecological feminism. In relation to educational practices and the material used for learning, booklets and printed matter become important because they value rural vocational training and social promotion. It is emphasized  the decolonial writings of those women as characters who are moving towards the search for otherness.

 

Keywords: Informal Education. Educational Practices. Agroecological Feminism. Decoloniality. Interculturality.

 

Biografia do Autor

Paula Simone Busko, Universidade Federal de Santa Catarina, Programa de Pós-Graduação em Educação Científica e Tecnológica. SC, Brasil.

Doutoranda em Educação Científica e Tecnológica (PPGECT-UFSC); Mestre em Educação e Formação - História, Política e Gestão das Instituições Escolares (UNISANTOS-SP); Especialização em Educação Ambiental e Especialização em Marketing; Graduação em Comunicação Social: ênfase Jornalismo (UniFMU-SP). Participação em Grupos de Pesquisa da UFSC: DICITE (Discursos da Ciência e Tecnologia) e Literaciências (Literatura,, Decolonialidade e Ensino de Ciências). 

Referências

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES – Código de Financiamento 001.

Referências

ARGAWAL, B. A field of one’s own: tender and land rights in South Africa. New York: Cambridge University, 1994.

ARL, V. Agroecologia: desafios para uma condição de interação positiva e coevolução humana na natureza. In: ALVES, A.F; CARRIJO, B.C.; CANDIOTTO, L.Z.P. Desenvolvimento territorial e agroecologia. São Paulo: Expressão Popular, 2008.

BALLESTRIN, L. América Latina e o giro decolonial. Rev. Bras. Ciênc. Política. n.11, p.89-117, 2013

CAPORAL, F.R.; COSTABEBER, J.A.; PAULUS, G. Agroecologia: uma ciência do campo da complexidade. Brasília: MDS/Embrapa, 2009.

CHABARIBERY, D. et al. Desenvolvimento sustentável na Bacia do Ribeira de Iguape - diagnóstico das condições sócio-econômicas e tipificação dos municípios. Informações Econômicas. v.34, n.9, 2004.

DUSSEL, E. Filosofia da libertação: crítica à ideologia da exclusão. São Paulo: Paulus, 1995.

EVARISTO, C. Becos da memória. Rio de Janeiro: Pallas, 2017.

FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. Petrópolis: Vozes, 2005.

GROLLI, D. Alteridade feminino. São Leopoldo: Nova Harmonia, 2004.

GOMES, A. C. Escrita de si, escrita da história. Rio de Janeiro: FGV, 2004.

GONÇALVES, A. Desenvolvimento econômico da Baixada Santista. Santos: Universitária Leopoldianum, 2006.

GUZMÁN, E.S.; MOLINA, M.G. Sobre a evolução do conceito de campesinato. São Paulo: Expressão Popular, 2005.

HABERMAS, J. Knowledge and human interests. Cambridge: Polity, 1987.

HULT, F. M.; JOHNSON, D.C. Research methods in language policy and planning a practical guide. USA: John Wiley & Sons, 2015.

LEFF, E. Pensar a complexidade ambiental. São Paulo: Cortez, 2002.

LIRA, L.M.L. Colonialidad y decolonialidad en la literatura indígena mexicana. El pensamiento fronterizo en Natalio Hernández . 2012. Disponível em:

<http://www.red-redial.net/revista/anuario-americanista-europeo/article/viewFile/128/148> Acesso em: 21 nov. 2018.

MACHADO, L.C.P; MACHADO FILHO, L.C.P. A dialética da agroecologia: contribuição para um mundo com alimentos sem veneno. São Paulo: Expressão Popular, 2014.

MALDONADO-TORRES, N. Sobre la colonialidad del ser: contribuciones al desarrollo de un concepto. In: CASTRO-GÓMEZ, S.; GROSFOGUEL, R. (Org.). El giro decolonial: reflexiones para una diversidad epistêmica más allá del capitalismo global. Bogotá: Universidad Central, Instituto de Estudios Sociales Contemporaneos; Pontificia Universidad Javeriana, Instituto Pensar, 2007.

MANANZAN, M.J. Socialização feminina: mulheres como vítimas e colaboradoras. In: FIORENZA, E.S. Violência contra a mulher. São Paulo: Vozes, 1994.

MOLINA, M.G. Las experiencias agroecológicas y su incidencia en el desarrollo rural sostenible. La necesidad de uma agroecológica política. São Paulo: Expressão Popular, 2009.

NEXO JORNAL. Conceição Evaristo: ‘minha escrita é contaminada pela condição de mulher negra’. 2017. Disponível em: <

https://www.nexojornal.com.br/entrevista/2017/05/26/Concei%C3%A7%C3%A3o-Evaristo-%E2%80%98minha-escrita-%C3%A9-contaminada-pela-condi%C3%A7%C3%A3o-de-mulher-negra%E2%80%99 > Acesso em: 21 jun. 2018.

OCAÑA, A.O.; LOPEZ, M.I.A.; CONEDO, Z. P. Metodología ‘otra’en la investigación social, humana y educativa. El hacer decolonial como proceso decolonizante. Rev FAIA, v.7, n.30, p.172-200, 2018.

PAIVA, V.P. Perspectivas e dilemas da educação popular. Rio de Janeiro: Graal, 1984.

PERES, F.M.P. Sem feminismo não há agroecologia!. Justificando. 2017. Disponível em: < http://www.justificando.com/2017/05/17/sem-feminismo-nao-ha-agroecologia/> Acesso em: 21 out. 2018.

PESAVENTO, S. J. História & história cultural. Belo Horizonte: Autêntica, 2007.

POLLAK, M. Memória e identidade social. Estudos Históricos, v.5 n.10, p. 200, 1992.

PRIORE, M., BASSANEZI, C. História das mulheres no Brasil. São Paulo: Contexto, 1997.

ROLIM, L.C. Semeadoras da esperança – A.L.A. – uma forma de educar. São Paulo: Loyola, 1998.

SANTOS, B.S. Conhecimento prudente para uma vida decente: ‘um discurso sobre as ciências’ revisitado. São Paulo: Cortez, 2004.

SANTOS, M. Espaço e método. São Paulo: EDUSP, 2014.

SAORI, S. O território ameaçado: Vale do Ribeira/SP. Debates Feministas. n.11, 2018. Disponível em: < http://www.sof.org.br/2018/09/27/o-territorio-ameacado-vale-do-ribeirasp/> Acesso em: 21 out. 2018.

SOF - Sempre Viva Organização Feminista. Gênero e agricultura familiar. 1998. Disponível em: < http://www.sof.org.br/a-sof/#a-sof> Acesso em: 12 out. 2018.

SILIPRANDI, E. Mulheres e agroecologia: transformando o campo, as florestas e as pessoas. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2015.

SILVA, M.A.M. Errantes do fim do século. São Paulo: Unesp, 1999.

SPIVAK, G. C. Pode o subalterno falar? Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2010.

WALSH, C. Interculturalidade crítica e Pedagogia Decolonial: in-surgir, re-existir e re-viver. In: CANDAU, V. M. Educação intercultural na América Latina: Entre concepções, tensões e propostas. Rio de Janeiro: 7 letras, 2009. p.12- 42.

WALSH, C. Interculturalidade crítica y pedagogía de-colonial: apuestas (des)de el in-surgir, re-existir e re-vivir. Coleção Digital. PUC-Rio. 2012.

WILLIAMS, R. Cultura e sociedade, 1780-1950. São Paulo: Nacional, 1969.

Downloads

Publicado

2019-10-02

Como Citar

BUSKO, Paula Simone. Escrevivências Decoloniais: o Movimento do Feminismo Agroecológico como um Modelo de Educação Informal no Vale do Ribeira (SP). Revista de Ensino, Educação e Ciências Humanas, [S. l.], v. 20, n. 3, p. 302–311, 2019. DOI: 10.17921/2447-8733.2019v20n3p302-311. Disponível em: https://revistaensinoeeducacao.pgsscogna.com.br/ensino/article/view/6805. Acesso em: 26 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos